segunda-feira, dezembro 29, 2008

29 de Dezembro - Hasta

Foto: Fabio Tieri

FELIZ ANO NOVO
A TODOS OS FREGUESES
DESTE BLOG!

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domingo, dezembro 28, 2008

28 de Dezembro - Citação do Dia

Foto: Henri Cartier-Bresson

O modo inquisitivo, ansioso, exigente, com que olhamos para a pessoa amada, a nossa expectativa da palavra que nos vai dar ou tirar a esperança de um encontro para o dia seguinte, e, até que essa palavra seja dita, a nossa imaginação alternada, senão simultânea, da alegria e do desespero, tudo isso torna a nossa atenção em face do ente querido muito trémula para que se possa obter uma imagem sua devidamente nítida. E talvez também essa actividade de todos os sentidos ao mesmo tempo e que tenta conhecer apenas com o olhar o que se acha além dele se mostre demasiado indulgente ante as mil formas, sabores e movimentos da pessoa viva, que habitualmente imobilizamos quando não nos achamos em estado de amor. O modelo querido, pelo contrário, move-se; nunca se tem dele mais do que instantâneos frustrados.

Marcel Proust, À Sombra das Raparigas em Flor

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sábado, dezembro 27, 2008

27 de Dezembro - Citação do Dia

James Chapin, Child at Window

Felicidade

A felicidade sentava-se todos os dias no peitoril da janela.

Tinha feições de menino inconsolável.
Um menino impúbere
ainda sem amor para ninguém,
gostando apenas de demorar as mãos
ou de roçar lentamente o cabelo pelas faces humanas.

E, como menino que era,
achava um grande mistério no seu próprio nome.

Jorge de Sena

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sexta-feira, dezembro 26, 2008

26 de Dezembro - Citação do Dia

Quase toda a gente por quem se passa na rua quando se está bêbado, hilariante, divertido, sobretudo esses casais de meia-idade com aspecto bovino que se afastam rapidamente e nos fitam - todos, todos esses eram os seus inimigos naturais, tal como o maior, o mais terrível, o pior de todos, esse de cauda bifurcada, fissípede, segurando o forcado, esse demónio, o Tempo!

Tennessee Williams, A Festa, in A Noite da Iguana e Outras Histórias

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quinta-feira, dezembro 25, 2008

25 de Dezembro - Citação do Dia

Chaminé em Vila Nova da Baronia

Poema de Natal

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

Vinicius de Moraes


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quarta-feira, dezembro 24, 2008

24 de Dezembro - Feliz Whatever

Laura Givens, Christmas Eve At Harvey Wallbangers (Jim Baen's Universe)

A alegria é tantas vezes triste, uma triste, dolorosa e falsa imitação do prazer.

António Lobo Antunes, Conhecimento do Inferno


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terça-feira, dezembro 23, 2008

23 de Dezembro - Da Arca dos Faits-Divers

Refeição camponesa na Idade Média

A Refeição na Idade Média

É cada vez mais frequente ouvir falar em cozinha medieval e mesmo em pratos medievais. Contrasenso. Os pratos só mais tarde entraram nas mesas dos portugueses.
A carne ou o peixe comiam-se sobre grandes metades de pão postas em frente de cada pessoa.
Entre os mais ricos, era costume distribuir esses pedaços de pão, depois das refeições, pelos mendigos ou pelos cães que rodeavam a mesa.
As colheres utilizavam-se raramente.
Garfos, ninguém conhecia. Daí que imperasse o hábito de lavar sempre as mãos antes de comer. 'Servidores traziam justas ou gomis, de prata ou de outro material consoante a abastança da mesa, e bacias grandes sobre as quais se colocavam as mãos. Em banquetes de especial requinte, a água simples podia ser substituída por água de rosas ou de outro perfume', salienta Oliveira Marques em A Sociedade Medieval Portuguesa.
Cada pessoa levava consigo a faca com que se servia. Após a refeição, era regra limpá-la à toalha.
Para beber, usavam-se os 'vasos' - copos maiores e mais pesados do que os actuais.
Tochas empunhadas por criados 'anunciavam' a chegada de cada uma das iguarias ou do vinho. Naquele tempo, era tão vulgar o receio dos envenenamentos que se utilizavam certos objectos, aos quais eram atribuídas virtudes mágicas, para detectar a pureza dos alimentos. 'Ao contacto com os alimentos impuros, este e outras talismãs mudariam de cor, manchar-se-iam ou começariam até a sangrar, acreditasvam as gentes...', esclarece ainda Oliveira Marques.
Durante a Idade Média, o jantar e a ceia eram as duas principais refeições. Nos fins do século XIV, jantava-se entre as 10 e as 11 horas da manhã e ceava-se pelas ou sete horas da tarde.
A carne, assada, cozida ou estufada, era a base da alimentação, por excelência. Consumia-se, principalmente, a caça e a criação, que, aliás, o vilão também utilizava para fazer parte dos pagamentos ao seu senhor.
Uma receita da época descreve uma das formas de cozinhar a galinha:
'Tomarão esta galinha e cozê-la-ão com salsa, coentros, hortelã e cebola; então deitar-lhe-ão sua tempera de vinagre e depois dela temperada e cozida tomarão este caldo e deitá-lo-ão a ferver em uma púcara e pô-la-ão a ferver em outra; e deitar-lhe-ão dentro, na mesma panela, meia-dúzia de ovos. E com este mesmo caldo de ovos tomarão dois pares de gemas de outros ovos e batê-los-ão e farão um caldo amarelo; e então tomarão a mesma galinha e pô-la-ão num prato com duas fatias de pão por baixo; e depois desta galinha posta nas fatias, pôr-lhe-ão os ovos que estão cozidos por de redor, e então deitar-lhe-ão o mesmo caldo amarelo dos outros ovos por riba e deitar-lhe-ão canela pisada por riba.'
Além da carne, também o peixe fazia parte da alimentação, sobretudo, das classes menos abastadas.
A pescada parece ter sido um dos peixes mais consumidos pelos portugueses durante a Idade Média. Mas as sardinhas, sáveis, salmonetes e lampreias faziam, igualmente, parte da refeição de muitas pessoas. Frequentemente, comia-se carne de baleia e de toninha, mariscos e crustáceos e, também, peixe seco, salgado e defumado.
As hortaliças e os legumes eram mais utilizados pelas pessoas das camadas sociais mais baixas.
A comida era temperada com vários tipos de matérias gordas, das quais se destacava o azeite. Na alimentação medieval portuguesa predominavam também as 'viandas de leite', ou seja, o queijo, a nata, a manteiga, os doces feitos à base de lacticínios e o próprio leite. Mas, segundo conta Oliveira Marques, D. Duarte não os aconselhava: "Que não se comessem natas nem outras 'viandas de leite' consideradas húmidas e por isso nocivas à saúde; ou, a comê-las, que fosse em pouca quantidade e sempre no fim das refeições, e que jamais se bebesse depois de as ter tomado."
Ovos e fruta comiam-se com abundância. Conheciam-se então quase todas as frutas que comemos hoje. Eram também consumidas secas, em conserva ou em doce.
Os bolos, cuja produção ainda estava pouco desenvolvida, fabricavam-se sobretudo à base de mel.
Mas era nos cereais e no vinho que assentava principalmente a alimentação do 'povo miúdo' na época medieval.
As searas de trigo abundavam mas, mesmo assim, a produção não era suficiente para o consumo. As crises cerealíferas repetiam-se e era então necessário importar trigo do estrangeiro. O preço do pão subia e muita gente morria de fome.
No campo, a alternativa para o pão era a castanha ou a bolota. Ou o milho, o centeio e mesmo a cevada, que constituíam a base da panificação.
As bebidas também não eram muito diversificadas. Chá, café e chocolate ainda não se conheciam.
Era com água e vinho que se matava a sede. Este não era apenas consumido no seu estado normal, mas também cozido. Temperado com água era a bebida ideal. 'Que não se bebesse, no entanto, mais de duas ou três vezes ao jantar e outro tanto à ceia (...). E que fossem duas partes sempre de água', aconselhava, então, D. Duarte.

(Texto retirado de não sei onde, não sei quando, e escrito não sei por quem. Não arrisco o autor, mas cheira-me a Revista de O Jornal, nos anos 80)



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domingo, dezembro 21, 2008

21 de Dezembro - Citação do Dia

Together in Death

Morto, hei-de estar a teu lado
Sem o sentir nem saber...
Mesmo assim, isso me basta
P'ra ver um bem em morrer

Fernando Pessoa


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sábado, dezembro 20, 2008

20 de Dezembro - Citação do Dia



There is only one thing in the world worse than being talked about,and that is not being talked about.

Oscar Wilde, The Picture of Dorian Gray

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sexta-feira, dezembro 19, 2008

19 de Dezembro - Citação do Dia

Michael Banks, White Rose

One Perfect Rose

A single flow'r he sent me, since we met.

All tenderly his messenger he chose;
Deep-hearted, pure, with scented dew still wet -
One perfect rose.

I knew the language of the floweret;
'My fragile leaves,' it said, 'his heart enclose.'
Love long has taken for his amulet
One perfect rose.

Why is it no one ever sent me yet
One perfect limousine, do you suppose?
Ah no, it's always just my luck to get
One perfect rose.

Dorothy Parker


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quinta-feira, dezembro 18, 2008

18 de Dezembro - Citação do Dia

in http://www.richeast.org/htwm/Greeks/theatre/actors.html

A melhor poesia da Grécia e até, talvez, de todo o mundo, foi escrita em honra de Dioniso. Os poetas que compunham as peças e os actores e os cantores que participavam nelas eram considerados servos do deus. As representações tinham um carácter sagrado; os espectadores, tal como os escritores e os actores, entregavam-se a um acto de devoção, a que se supunha que o próprio Dioniso assistia.

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quarta-feira, dezembro 17, 2008

17 de Dezembro - Citação do Dia

in http://musliminsuffer.wordpress.com/2007/08/16/us-terrorist-humanity-crime-the-american-occupation-army-commits-detaining-about-750-iraqi-children/

Os Olhos das Crianças

Atrás dos muros altos com garrafas partidas
bem para trás das grades do silêncio imposto
as crianças de olhos de espanto e de medo transidas
as crianças vendidas alugadas perseguidas
olham os poetas de lágrimas no rosto.

Olham os poetas as crianças das vielas
mas não pedem cançonetas mas não pedem baladas
o que elas pedem é que gritemos por elas
as crianças sem livros sem ternura sem janelas
as crianças dos versos que são como pedradas.

Sidónio Muralha


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terça-feira, dezembro 16, 2008

16 de Dezembro - Do Baú das Crónicas

in http://teamsugar.com/group/897409/blog/1076655

A Aventura Interior

As pessoas perguntam-me com frequência porque é que deixei de usar cuecas. A razão é simples. Nos últimos tempos, ainda fiz um esforço para me habituar aos calções, apesar de ser difícil encontrá-los sem coelhinhos, foices e martelos, ou chupa-chupas. Mas são ridículos e pouco masculinos. Por isso é que ficam bem às raparigas. As raparigas acham uma certa graça aos calções, mas não é por serem sexy - é por inspirarem ternura. De facto, ao olhar para um homem adulto e peludo à hora do deitar e verificar que enverga calcinhas do My Little Pony, é impossível resistir a uma pontinha de comoção. Mas é a única pontinha possível.
Alguns calções chegam a ser desprovidos de abertura vertical, obrigando o utente a manobras de moçoila-do-campo, profundamente martirizantes para o frágil ego masculino. Nenhum homem gosta de arriar as calças só para fazer chichi. É como uma pessoa ter de se despir toda para tomar um comprimido.
Antes dos calções, havia umas coisas ainda mais ordinárias chamadas slips ou tangas. Também não eram masculinas - eram iguais às cuecas das raparigas, só que as cores eram mais nojentas, como roxo, cor-de-laranja ou cor-de-carne. Eram demasiado elásticas e constrangiam o estilo natural de um rapaz.
Os únicos homens que as usavam eram electricistas e veraneantes de rio: os Tarzans da Cruz Quebrada e de Algés. Durante os anos 70, os fabricantes conseguiram convencer os homens que estas cuequinhas de trapezista faziam arfar o peito feminino. Na verdade, as mulheres sempre se riram das cuecas dos homens tal como lhes têm sido apresentadas ao longo dos tempos, sobretudo se forem acompanhadas exclusivamente por sapatos pretos e peúgas. (Fiquem avisados, homens que gostam de usar calças largueironas: nunca, mas nunca tirem a camisa e as calças antes de descalçar meias e sapatos. A visão pode prejudicar de uma vez por todas a líbido da sua namorada ou esposa.)
A meio dos anos 80 houve um relâmpago de bom senso. Em Manhattan subiam enormes cartazes, fotografados por Bruce Weber, em que aparecia um homem normal com umas cuecas normais. Biliões de homens suspiraram de alívio. Obrigado, Calvin Klein. As cuecas normais são brancas, têm a fachada em ipsilon e cobrem adequadamente as nádegas sem apertá-las (como fazem os slips) ou deixá-las abandonadas ao relento (como fazem os calções).
O problema é que em Portugal não há cuecas da Calvin Klein. Há cuecas tradicionais, fabricadas em sítios sólidos como Braga e Guimarães, mas, em termos sociais, são investíveis. E porquê? Porque as cuecas portuguesas, devido a algum trauma religioso ou a 48 anos de fascismo ou lá o que é, são sempre de gola alta. Puxa-se um pouco pelo rebordo e as cuecas chegam-nos aos sovacos. Não pode ser.
É um flagelo nacional. Passo horas a olhar estupefacto para as linhas de roupa das famílias portuguesas. Quem é que pode possivelmente usar aquelas cuecas que parecem pára-quedas? É como as camionetas da palha. Porquê, santo Deus? Onde estão os seres humanos que obrigam o rabo e as pernas a viver naquelas gigantescas tendas de campismo que são as nossas cuecas a secar ao sol? Onde é que se fabricam aqueles tamanhos? Nalgum estaleiro?
Como país, temos as cuecas erradas. Merecíamos outras? Já não sei. O problema estende-se a toda a roupa interior. Mais uma vez, as linhas de roupa continuam a ser uma fonte importante. Como os caixotes de lixo (o que não aprendíamos se fôssemos a estudar os interiores!), as linhas de roupa mostram-nos o que se passa debaixo do colarinho. Não é uma imagem reconfortante.
Já se sabe que nós os portugueses, como raça, não arrumamos bem a roupa no cesto. Basta fitar as linhas de roupa dos nossos vizinhos, cheias de ceroulas a enfunar ao vento, estranhas cintas com apetrechos de pesca e soutiens da Securitas, reforçados à prova de bala. Chegamos à conclusão que temos, tal como Trás-os-Montes, um grave problema de interioridade.
A peça que mais me perplexa e que me vejo incapaz de explicar aos observadores estrangeiros que me procuram é a combinação. O que é? Para que serve? É para dormir? É só para aparecer em filmes italianos dos anos 50? Não, a combinação é uma coisa que não se compreende. Até o nome. Porque é que se chama assim? O que é que combina, ao certo? Se houve alguma antiga combinação, feita nos primórdios da nacionalidade, entre a Dona Urraca e a sua aia, de que as lusitanas haviam de usar um estranho vestido entre a roupa interior e o vestido, porque é que não fomos informados?
Ou será uma versão moderna do cinto de castidade, protegido por uma espécie de código de abertura, complexo sistema de presilhas e ganchetes como a combinação de um cofre? Em vão recorremos às páginas de lingerie da 'Elle', asseguradas por Eduardo Prado Coelho, mas verificamos que ele só combinou escrever sobre sapatos de salto alto e alcatifas. Se nem a crítica especializada nos vale, quem é que nos vai acudir?
Uma consulta preliminar aqui na Redacção não produziu grandes resultados. 'São para não ter frio', diz a Maria Eugénia. O Manuel Falcão diz apenas, com ar de quem sabe mais do que diz, que 'são óptimas'. Óptimas porquê? O que é que me estão a esconder? O que é que tenho andado a perder estes anos todos?
Nem falo nas outras coisas que espantadamente verifico nas nossas linhas. Nada direi sobre os estranhos saiotes de nylon, que se calhar se chamam meias-combinações, que as mendigas vestem por cima das calças de sarja para ficar com um ar ainda mais miserável. Nem tão pouco uma palavra sobre as camisolas interiores, com fantásticas propriedades térmicas, se calhar forradas a amianto ou recheadas com aparas de pêlo de marta, que os nossos chefes de família adquirem com o cartão Maconde e vestem debaixo da camisa ao jeito de fato de Super-Homem.
A questão das peúgas não a abordarei e sobretudo aquelas de pêlo turco, sempre azuis-turquesa ou cor-de-carne. Não farei qualquer referência às cuecas das senhoras, apesar da preocupação que me causam. Abafarei de bom grado a minha perplexidade face aos materiais usados na confecção das ditas, nomeadamente no que diz respeito à incompreensível popularidade da flanela. Registo apenas que me parece incompatível com a nossa pretensão de povo integrado na Europa. Num clima como o nosso, a insistência mórbida em cobrir os nossos atributos com quilómetros de flanela há-de sair-nos cara.
Deve haver muitos rapazes como eu, que reagem a este estado de coisas desistindo de usar cuecas, pijamas e peúgas. Não havendo dinheiro para comprar as cuecas do Sr. Klein, é melhor andar à mercê dos elementos, sofrendo as correntes de ar que se nos sopram pelas bainhas das calças acima e morrendo de vergonha nos gabinetes de prova quando o alfaiate espreita para perguntar se as calças sempre assentam bem, do que estar a colaborar no genocídio erótico da nossa população.
A roupa interior portuguesa foi concebida por pescadores da Nazaré e secretários do Santo Ofício em conluio com os mercadores de panos de Famalicão, e nós temos a obrigação de nos revoltarmos. Porque não formar um partido - o Partido Bem Trajado Estético e Nacional - com a sigla PBTEN? PBTEN também tem a vantagem de significar Por Baixo Estou Todo Nu. Abaixo as cuecas nacionais.

Miguel Esteves Cardoso, O Independente, 7 de Outubro de 1988

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segunda-feira, dezembro 15, 2008

15 de Dezembro - Citação do Dia


Qualquer pessoa capaz de segurar numa caneta confia na própria capacidade de criticar, e criticar com desdém. Jamais ocorre à maioria dos cidadãos que escrever é um trabalho árduo; ninguém se lembra que o escritor se esmerou em questões de estilo e contrastes, caracterização, luz e sombra, e inúmeras coisas que são - falando modestamente - um pouco mais difíceis do que vender camisas, hortaliças ou carne de porco.
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domingo, dezembro 14, 2008

14 de Dezembro - Citação do Dia

Global Village, in http://www.boakart.com/paintcube.html

Minha Aldeia

Minha aldeia é todo o mundo.
Todo o mundo me pertence.
Aqui me encontro e confundo
com gente de todo o mundo
que a todo o mundo pertence.

Bate o sol na minha aldeia
com várias inclinações.
Ângulo novo, nova ideia;
outros graus, outras razões.
Que os homens da minha aldeia
são centenas de milhões.

Os homens da minha aldeia
divergem por natureza.
O mesmo sonho os separa,
a mesma fria certeza
os afasta e desampara,
rumorejante seara
onde se odeia em beleza.

Os homens da minha aldeia
formigam raivosamente
com os pés colados ao chão.
Nessa prisão permanente
cada qual é seu irmão.
Valências de fora e dentro
ligam tudo ao mesmo centro
numa inquebrável cadeia.
Longas raízes que imergem,
todos os homens convergem
no centro da minha aldeia.

António Gedeão

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sábado, dezembro 13, 2008

13 de Dezembro - Citação do Dia

Tamás Galambos, Velha Solteira com Pomba

Existe sempre, nestes corações abertos ao primeiro que chega, um lugar vazio sob um abat-jour cor-de-rosa, em que elas se esforçam desesperadamente por instalar seja quem for.

Marguerite Yourcenar, O Golpe de Misericórdia

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sexta-feira, dezembro 12, 2008

12 de Dezembro - Citação do Dia


Outros terão
um lar, quem saiba, amor, paz, um amigo.
A inteira, negra e fria solidão
Está comigo

A outros talvez
Há alguma coisa quente, afim
No mundo real. Não chega nunca a vez
Para mim.

'Que importa?'
Digo, mas só Deus sabe que o não creio.
Nem um casual mendigo à minha porta
Sentar-se veio.

'Quem tem de ser?'
Não sofre menos quem o reconhece.
Sofre quem finge desprezar sofrer
Pois não esquece.

Isto até quando?
Só tenho por consolação
Que os olhos se me vão acostumando
À escuridão.

Fernando Pessoa


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quinta-feira, dezembro 11, 2008

11 de Dezembro - Citação do Dia

Parte do jogo da vida consiste nas relações mútuas entre os seres humanos. Imaginemos duas pessoas que pela primeira vez trocam um olhar entre si. Que pode haver de mais inconsciente, mais ténue, mais remoto e casual do que esse laço que se estabelece entre elas? E no entanto pode ele ser fadado a assumir num certo dia inimaginável, um carácter de ardente intensidade, de temível e pasmoso imediatismo.

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quarta-feira, dezembro 10, 2008

10 de Dezembro - Citação do Dia

Annie Silverman, Sirensong

Siren Song

This is the one song everyone
would like to learn: the song
that is irresistible:
the song that forces men
to leap overboard in squadrons
even though they see beached skulls
the song nobody knows
because anyone who had heard it
is dead, and the others can’t remember.
Shall I tell you the secret
and if I do, will you get me
out of this bird suit?
I don’t enjoy it here
squatting on this island
looking picturesque and mythical
with these two feathery maniacs,
I don’t enjoy singing
this trio, fatal and valuable.
I will tell the secret to you,
to you, only to you.
Come closer. This song
is a cry for help: Help me!
Only you, only you can,
you are unique
at last. Alas
it is a boring song
but it works every time.


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terça-feira, dezembro 09, 2008

9 de Dezembro - Da Arca dos Faits-Divers



Vilarinho das Furnas: O Passado À Tona da Água
Vilarinho das Furnas era uma aldeia especial, com uma extraordinária vida comunitária. Mas esse facto não impediu a sua 'imolação' em nome do progresso. Nos anos 70, o Homem dominava a Natureza e construía no rio Homem mais uma barragem dos sistema Cávado-Rabagão. O enchimento da albufeira fez desaparecer a aldeia.

Agora a Natureza 'vingou-se'. Um Outono pouco chuvoso e o nível da albufeira desceu 31 metros abaixo do normal. Vilarinho das Furnas reapareceu. A aldeia mantém ainda intactas muitas das suas casas de granito, mas os seus hábitos de vida comunitária, esses, desapareceram naturalmente com a dispersão dos seus habitantes por várias localidades. O espírito, todavia, subsiste e é corporizado através de uma associação de ex-moradores que se propõe agora recuperar a fauna e a flora do monte comunitário que as águas pouparam e que ainda é seu.

'Parece uma romaria a quantidade de gente que tem vindo até cá nos fins-de-semana para ver as ruínas de Vilarinho.' A frase é de um comerciante de S. João do Campo, freguesia vizinha de Vilarinho, e retrata o interesse quase místico que é dedicado à antiga aldeia comunitária. Para esse comerciante, e para muitos outros, o reparecimento de Vilarinho das Furnas tem sido a tábua de salvação em termos económicos. O Outono frio e seco que tivemos não trouxe ainda a neve a esta zona integrada no Parque da Peneda-Gerês. E a neve é uma das atracções suplementares do Parque nesta época baixa do ano. Em contrapartida, a falta de chuva faz descer o nível da albufeira e reaparecer Vilarinho das Furnas. Por isso o negócio do sr. João Pereira da Silva, com a sua residencial e restaurante em S. João do Campo, não se ressentiu. Há muita gente que quer conhecer ou rever uma aldeia de facto especial. Até que as águas voltem a subir.

Da outra margem da albufeira dificilmente se vislumbra Vilarinho das Furnas. A lama tornou a aldeia uniforme, quase da cor das margens. É preciso avançar, atravessar a barragem e depois andar a pé uma boa meia hora para a observarmos de perto. Uma aldeia construída em granito há muitos, muitos anos, na margem do rio Homem. Quando foi submersa contava com 67 casas. Muitas delas estão intactas, apenas sem os tectos de colmo. As paredes teimam em manter-se de pé.

Nesta aldeia, agora vazia e visitada apenas pelos garranos selvagens do Gerês, germinou um regime comunitário sui generis, muito próximo da democracia representativa, que sobreviveu à ditadura do Estado Novo. Vilarinho das Furnas tinha legislação própria, baseada no Direito Consuetudinário, e elegia de seis em seis meses um conselho restrito de anciãos (Os Seis) presidido pelo zelador. Todos respeitavam escrupulosamente a lei e aqueles que a infringissem sujeitavam-se a penas pesadas, que podia ir até à expulsão. Ser expulso significava não ser considerado para a execução das tarefas colectivas, ser votado ao ostracismo (ninguém lhe falava) e não receber ajuda em caso de necessidade.

Rosa de Jesus tem 63 anos bem marcados na pele do rosto. Viveu em Vilarinho e agora arrasta-se em São João do Campo. Conta-nos histórias, já mal lembradas: a de um vizinho que depois de expulso da comunidade teve de se arrastar ensanguentado até casa, depois de uma queda, porque todos se recusaram a dar-lhe ajuda. Conta-nos também as tarefas colectivas, a mais importante das quais era apascentar os rebanhos no monte comunitário. Rosa de Jesus não foi agora rever a sua aldeia, tal como o não fizera em 1979, altura em que a aldeia ficou à vista devido a obras na barragem. 'Éramos como bandos de pitos, sempre a seguir a mãe galinha; agora estamos todos separados', explica-nos.

Mas Rosa de Jesus tem saudades da sua aldeia, dos seus costumes e, segundo ela, da sua vida farta. 'Ainda me lembro das maçãs das malhadas e das do S. Miguel' - recorda.

Mesmo assim, com estas saudades, Rosa de Jesus não vai rever a sua aldeia. E como ela há muitos. Estão espalhados por localidades próximas ou emigrados. Refizeram a sua vida com as indemnizações que receberam da Hidráulica e não querem recordar outros tempos, outra vida. Esta recusa aplica-se sobretudo aos mais velhos, porque os mais novos estão agora com projectos que sublimam o perdido espírito comunitário.

Em 8 de Dezembro, grande parte dos ex-moradores de Vilarinho reúnem-se para comemorar Santa Conceição. Fazem-no todos os anos na sede do museu, construído com o acervo de coisas da aldeia, na freguesia de S. João Do Campo. Mas ao longo do ano há outras reuniões promovidas pela associação - A Furna. Às vezes vão até ao monte comunitário, poupado pela subida das águas, e tratam de assegurar a qualidade da sua delimitação. É precisamente nesse monte que A Furna deposita agora os seus projectos. Presidida pelo professor universitário Manuel Antunes, apresentou na CEE um projecto de recuperação da fauna e flora da região, que prevê o repovoamento de espécies extintas e a reintrodução no monte da cabra do Gerês, do corço e do veado. Segundo informações que colhemos junto da Câmara de Terras do Bouro, o projecto foi muito bem aceite em Bruxelas e mereceu mesmo uma menção honrosa. Caso se concretize, ele corporizará o velho espírito comunitário das gentes de Vilarinho das Furnas.

Uma aldeia desaparecida, cuja memória não será manchada pela construção de grandes empreendimentos na região. De acordo com o presidente de Terras do Bouro, José Araújo, há agora um bom entendimento com a direcção do Parque da Peneda-Gerês e a certeza de que não serão autorizados quaisquer projectos que ofendam aquela área protegida. Foi o caso de um empresário algarvio que idealizava para as margens da albufeira a construção de um aldeamento. Quanto à hipótese de criação de um parque de campismo, a cargo de A Furna, na área do seu monte comunitário, José Araújo é menos taxativo, mas acrescenta que nem 'poluição visual' aceitaria. Tudo isto para que as paredes de Vilarinho das Furnas, de novo emersas, não se arrependam uma vez mais do seu sacrifício. Em nome do progresso.


José Cruz, O Jornal, 27 de Janeiro de 1989



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segunda-feira, dezembro 08, 2008

8 de Dezembro - Citação do Dia

O meu amado é para mim um ramalhete de mirra; morará entre os meus seios.

Cantares de Salomão


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O Café dos Loucos

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domingo, dezembro 07, 2008

7 de Dezembro - Citação do Dia

Que Diremos Ainda?
Vê como de súbito o céu se fecha
sobre dunas e barcos,
e cada um de nós se volta e fixa
os olhos um no outro,
e como deles devagar escorre
A última luz sobre as areias.
Que diremos ainda? Serão palavras,
isto que aflora aos lábios?
Palavras?, este rumor tão leve
que ouvimos o dia desprender-se?
Palavras, ou luz ainda?
Palavras, não. Quem as sabia?
Foi apenas lembrança doutra luz.
Nem luz seria, apenas outro olhar.


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sexta-feira, dezembro 05, 2008

5 de Dezembro - Citação do Dia

Os olhares dos outros são como a chuva que apaga as inscrições nas paredes. Ou como a luz que cai prematuramente sobre o papel fotográfico no banho do revelador, e estraga a imagem.


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quinta-feira, dezembro 04, 2008

4 de Dezembro - Citação do Dia

Westron wind, when will though blow.
The small rain down can rain?
Christ if my love were in my arms.
And I in my bed again
Anónimo

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quarta-feira, dezembro 03, 2008

3 de Dezembro - Citação do Dia


Ao espírito mais aguçado para o desforço de uma bofetada, há uma lima que o desgasta e embrutece... é a do remorso.

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terça-feira, dezembro 02, 2008

2 de Dezembro - Do Baú das Crónicas



A única dobragem aceitável é a do Cabo da boa Esperança. Desta arte se justifica que encarecidamente implore ao semanário SE7E a suspensão do inquérito ora em curso, o mui celebrado, mui polémico e mui descabido 'Dobragens na TV: Sim ou Não?'. Não é por mais nada: é que esta é uma daquelas questões para as quais não há alternativa, não há concílio a fazer, não há controvérsia, não há pachorra. A menos que a este inquérito sucedam outros de igual cariz: 'Apanhar com uma ogiva nuclear em cima: Sim ou Não?'; 'Exterminar à paulada os bebés-foca da calote ártica: 'Sim ou Não?'; 'Gostaria de ser seropositivo: Sim ou Não?'; 'Restabelecer o Santo Ofício: Sim ou Não?'; 'Acha que o Opus Pistorum deveria ser adoptado como livro de leitura do 1.º ano de escolaridade: sim ou Não?'; 'Considera que as sentenças de Salomão, mormente aquela que propõe a degola do nascituro em caso de maternidade dutosa, devem ser consagradas no Direito Penal: Sim ou Não?'; 'Atentados ao Sumo Pontífice: Sim ou Não?'; 'Vagas Terroristas: Sim ou Não?'; 'O Klaus Barbie era um bom rapaz. Se não concorda rebata a afirmação, mas com cuidadinho para a gente não se chatear'; 'Massacre de Inocentes: Está nessa?'; 'Bater em pessoas portando óculos: Oui ou Non? (está em francês, porquanto é um exclusivo do Nouvel Observateur)'; 'Esterilização indiscriminada da população sexualmente activa: Concorda ou talvez Não?'; 'Torturas Dantescas: é pró ou nem por isso?' 'Inferno ou Paraíso: qual a sua opção?'...
A dobragem (apoiado, Herman José, apoiado!) inspira náusea. Para a dobragem só há uma resposta: é Não, é Non, é Nein, é No, é Niet, é 'nem penses nisso senão nem sei que te faço.' A dobragem não é, como o pretendem as falanges nihilistas do inimigo, um serviço prestado aos nossos compatriotas analfabetos: é o método mais seguro e eficaz de propagação do analfabetismo. Se não fosse, porque não substituir também a imprensa escrita por uns arautos todos medievos, de gibão e cara ensebada, treinados para percorrer o País real declamando o notíciário do dia e incluindo pelo meio, para aligeirar o serviço, uns dixotes tirados ao Gil Vicente e ao Tolentino? Não seria isto também zelar pelos iletrados? E, já agora, porque não deixar as literaticces aos cónegos, aos monjes de Cister e às irmãs noviçase irmos todos em demanda do Graal prà Terra Santa? Melhor ainda, recusar a escrita? E os hábitos dos úmios, não eram bons hábitos? Regressemos às árvores, catemos parasitas, deixemos o pêlo alastrar e o cerebelo diminuir. Dobremos a espinha à civilização! Sejamos primitivos! Hgh! Umma-Gumma! Brhaa! (estes três últimos termos que grunhi resumem a minha opinião sobre a dobragem, mas precisam de ser dobrados...)
E digo mesmo mais: não está certo alegar que o recurso à dobragem daria sustento aos nossos flagelados actores. Um actor é um actor, costuma andar pelos proscénios, conhece de nome um tal Strindberg, põe tinta nas feições, é capaz de mimar a corcunda de Ricardo III ou a voz de falsete de um Gebo helénico, paga a quota para o Sindicato dos Trabalhadores de Espectáculos, costuma ser exuberante no trato diário... se calhar já ninguém se lembra disso. Se calhar já a ninguém ocorre que um actor e um 'dobrador' (passe o termo) são profissões mais que distintas. A televisão só tem de empregar actores se fizer seriados ou Noites de Teatro. Façam-se Noites de Teatro. Ninguém deseja que os actores vivam à míngua. Mas também ninguém deve desejar que a RTP acarrete com as culpas da 'crise do teatro', da 'ausência do público', do colapso súbito e pentacentenário que vitimou o dramaturgo Shakespeare ou da excessiva demora do malandro do Godot... Se a RTP teimar nas dobragens, ainda põe a Irene Cruz a dobrar o Marlon Brando, O João Mota a dobrar a Marilyn, o Mário Viegas a dobrar a Pia Zadora, os miúdos que entraram na versão teatral do musical Annie a dobrar o Lawrence Olivier e a Greta Garbo, a Amélia Rey-Colaço a dobrar os miúdos na versão fílmica do Annie, sendo isto uma tragédia de proporções tais que se imporia instaurar governamentalmente o Estado de Calamidade, pedir à NATO para restaurar a ordem, mandar vir os restos do déspota Salazar para pôr cobro à desordem, sovar os responsáveis e deportá-los para o longínquo degredo. Podem crer que me custa a dizer isto, mas é verdade: a dobragem é um crime. Os prevaricadores devem ser punidos. Prevaricadores pró degredo! Prevaricadores, Go Home! (já que querem tanto dobrar, que dobrem isto).
Enfim, esta questão não tem assunto nenhum. Se ainda há alguém que concorde com a 'dobragem' que imagine vestida em português a deixa de Lauren Bacall a Humphrey Bogart em To Have and To Have Not ('Se precisares de mim, bufa... sabes bufar, não sabes?... Põe os beiços juntos e assopra'), se discordam de mim façam o favor de reconsiderar porque sou eu que tenho razão. Aliás, se dependesse da minha pessoa, acabava-se já aqui o inquérito, fazia-se disto a posição oficial deste semanário, a RTP, amedrontada com o quarto poder que o SE7E representa recuava e finava aqui a questão. A Bem da Nação.


João Miguel Silva, SE7E, idos de oitenta


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