quarta-feira, dezembro 26, 2007

26 de Dezembro - Citação do Dia

Es un portento que la crisis de los fundamentos de la sociedad angloamericana coincida con su máxima expansión imperial. Es un gigante que camina cada vez más de prisa sobre un hilo cada vez más delgado.

Octavio Paz

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sexta-feira, novembro 30, 2007

Phone-ix??!!

Nunca deixa de me espantar a relação íntima, afectiva mesmo, entre as operadoras de comunicação e a chunguice. Os exemplos são incontáveis: desde um slogan a dizer 'carga nisso' até umas colegiais muito contentes porque levaram 25 atrás do ginásio, 25 nas escadas. Agora a nova rede móvel, dos CTT, chama-se phone-ix- imagino a carinha de contente do génio que teve a ideia luminosa. E a próxima, como vai chamar-se? Fosg-Ass? Ou, para não espantar a clientela, algo menos intelectual, tipo Dâsse?

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sexta-feira, outubro 19, 2007

19 de Outubro - Citação do Dia

Esta época obriga as pessoas a ir para a praia, a aturar a incomodidade de areias peganhentas, águas geladas, golpes de vento, bafos de multidão, peixes venenosos, miúdos turbulentos, sal na pele, transpiração, queimaduras, insolações, chatices, para confirmar que as práticas rituais só são válidas com algum desconforto. Há que prestar uma contrapartida pela conformação ao social. Está estabelecido pelas leis férreas do planeta.

Mário de Carvalho, Era Bom Que Trocássemos Umas Ideias Sobre O Assunto

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segunda-feira, julho 23, 2007

23 de Julho - Citação do Dia

Mais valeria ser totalmente diferente dos ricos e dos elegantes - ser um visitante que caísse de um outro planeta intelectual - do que um imitador snob de décima-quinta ordem.

Aldous Huxley, Contraponto

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sábado, março 03, 2007

3 de Março - Citação do Dia

A Amadora é a terra ideal para sargentos e para escriturários de 2ª classe com direito a 75% de desconto para as viagens da esposa e filhos. Tem uma avenida principal que dá para a linha férrea donde se desfruta o maravilhoso panorama de vista para os comboios.

Ruben A., Cores

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segunda-feira, janeiro 09, 2006

9 de Janeiro - Citação do Dia

Nem o grande negociante, nem o juiz, nem o advogado conservam o seu bom senso. Eles já não sentem e aplicam as regras que falseiam as condições. Levados pela sua existência torrencial, não são esposos, nem pais, nem amantes; deslizam como trenós sobre as coisas da vida e vivem todos os momentos empurrados pelos negócios das grandes cidades. Quando entram em casa são solicitados para ir aos bailes e à Ópera, para festas onde vão arranjar clientes, conhecimentos e protectores; todos comem desmedidamente, jogam, perdem noites e os seus rostos empapam-se, avermelham-se e aviltam-se. A estes terríveis gastos de forças intelectuais, a estas contracções morais tão frequentes, opõem-se não o prazer - é pálido demais e não produz nenhum contraste - mas o deboche, deboche secreto e assustador, porque eles podem dispor de tudo e fazem a moral na sociedade. A sua estupidez real esconde-se sob uma ciência especial. Sabem do seu ofício mas ignoram tudo o que o não seja. Então, para salvar o seu amor-próprio, eles discutem tudo e criticam a torto e a direito. Parecem pessoas que têm dúvidas, mas são na realidade mata-moscas que afogam o seu espírito em intermináveis discussões. Quase todos adoptam comodamente os preconceitos sociais, literários ou políticos, para se dispensarem de terem uma opinião, ao mesmo tempo que põem as suas consciências ao abrigo do código e do tribunal de comércio. Tendo começado cedo a tentar ser homens notáveis, tornam-se medíocres e rastejam sobre as sumidades do mundo.

Honoré de Balzac, A Rapariga dos Olhos de Ouro

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domingo, dezembro 25, 2005

25 de Dezembro - Citação do Dia

Dia de Natal

Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.

É dia de pensar nos outros - coitadinhos - nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
Entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.

De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)

Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.

Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.

A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra - louvado seja o Senhor! - o que nunca tinha pensado comprar.

Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.

Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha,
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama. Ah!!!!!!!!!!
Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.

Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.

Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.

Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.

Dia de Confraternização Universal,

Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.

É dia de Natal.

Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.


António Gedeão

Com um obrigada à Andante http://www.andante.com.pt/

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