Conhecem aqueles textos espanhóis com traduções manhosas? Tipo 'Viaje a Badajoz e disfrute as ilusões de um dia inolvidável', ou 'Pilhas não inclusas'? Agora imaginem ler um livro inteirinho assim. Em 'Os Mares do Sul', de Manuel Vásquez Montalbán, as pessoas bebem 'taças' de café, 'compartem' refeições, 'passam' a compartimentos, há lares para 'anciãos', são 'pulcras' a dar com um pau, começam todas as frases por 'pois'. Por algum milagre que não entendo, mas que agradeço, não bebem nada por 'vasos', mas escrevem 'informes', têm 'citas' e nunca telefonam, 'chamam'. Eu podia continuar, mas tenho coisas para fazer até ao fim do ano. Em todo o caso, uma nota de cultura geral: parece que em Barcelona existe uma rata por habitante. O que pode dar azo a todo o tipo de actividades lúdicas, pois, se há barceloneses (?) para quem as ratas são importantes e até indispensáveis, outros haverá que não têm uso para a sua obrigatória rata respectiva. Hão-de fazer-se grandes negócios à conta das ratas de Barcelona.O que me irrita é que, graças ao tradutor automático espanhol/português que todos nós, lusos, temos incorporado, consegui aperceber-me de que o original deve ser muito bom. Como diria o tradutor desta edição, pois homem, há que lê-lo, por suposto.Etiquetas: farpitas, palavras minhas