quarta-feira, junho 16, 2010

16 de Junho - Happy Birthday, Mr Zink!



As Faces da Fé
Fala-se muito das novas redes sociais na Internet. Há quem ache um perigo. Tinha de ser. Para os elitistas elípticos, tudo o que é novo é um perigo. Eu por acaso penso o contrário. Até porque, tanto quanto sei, o abuso, o despudor, o egoísmo, a sacanice, não são invenções recentes. Vem-me logo à cabeça a imagem de um cordeiro a olhar curioso para um computador, até que chega o lobo e, pondo-lhe a pata no ombro, previne: 'cuidado, aquele bicho quer comer-nos!' Mais engraçado só um subscritor so Compromisso Portugal a dizer que temos de ser uns para os outros e aceitar a congelação salarial e fazer sacrifícios pela Pátria. O sucesso das novas redes sociais assenta em algo muito simples: são um oásis no deserto, dado que a sociedade parece cada vez mais fechada e tomada de assalto por sociopatas. É certo que graças ao Facebook estabelecemos laços com mais gente do que seria razoável, mas nos tempos que correm... De resto, para além dos novos 'amigos', há sempre a hipótese de reencontrar gente que não víamos há vinte anos e anda espalhada pelo Canadá, pelas Franças. Ou, mais longe ainda, Coimbra.
Ná, o desconhecido não é o inimigo. Eu sei-o, por issso achei pouca graça quando em 2009 'desamigar' foi considerada uma das palavras do ano. Obviamente que os amigos do Facebook não são amigos-a-sério. Mas são-no em potência. São-no de certo modo, e no certo modo é que está o ganho. Trata-se simplesmente de gente com quem trocar dois dedos de conversa na bicha para o pão. E que não nos importaríamos de ter por vizinhos numa aldeia onde os sociopatas não entrassem. Gente que em princípio não nos quer mal, o que é hoje uma mais-valia. Em tempos de desconfiança nos céus (os CEOs da EP, da EDP, da PT, da Portugal SARL, etc.), o refúgio na Fecebook pode mesmo ser uma expressão de fé, naquilo em que nunca podemos perder a fé: as pessoas. Eu sei que o circo sem rede tem mais piada, sobretudo para quem gosta de ver a morte do artista. Mas para quem apenas quer viver e deixar viver, a dona rede é muito bem-vinda.
Rui Zink, Metro, 19 de Abril de 2010

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sábado, junho 05, 2010

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Pequeno Poema


Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.
Nem homens cortaram veias,
nem o sol escureceu,
nem houve estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.
Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.
As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...
P'ra que aquele dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...


Sebastião da Gama

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