MCV 1923-2006
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece
De varas trespassado
- Duas, de cada lado -
Jaz morto e arreféce.
Raia-lhe a farda o sangue
Da quádrupla função
Nórdico mouro exangue
Fita com olhar langue
O que ainda tem na mão
Que varonil quimera!
Agora, que vara tem?
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome, e o mantivera:
O menino de sua mãe.
Caiu-lhe da algibeira
A lapiseira breve.
Dera-lhe o pai. Está inteira
E boa a lapiseira,
Ele é que já não escreve.
De outra algibeira, alada
Espuma de porto covo,
A brancura manchada
De um lenço... Foi a criada
Quando êle era mais novo.
Lá longe - na Casa do Conto - há prece:
'Que morra cêdo, e bem!'
Malhas que o Império tece!
Ainda vive e parece
O menino de sua mãe.
Mário Cesariny de Vasconcelos
Que a morna brisa aquece
De varas trespassado
- Duas, de cada lado -
Jaz morto e arreféce.
Raia-lhe a farda o sangue
Da quádrupla função
Nórdico mouro exangue
Fita com olhar langue
O que ainda tem na mão
Que varonil quimera!
Agora, que vara tem?
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome, e o mantivera:
O menino de sua mãe.
Caiu-lhe da algibeira
A lapiseira breve.
Dera-lhe o pai. Está inteira
E boa a lapiseira,
Ele é que já não escreve.
De outra algibeira, alada
Espuma de porto covo,
A brancura manchada
De um lenço... Foi a criada
Quando êle era mais novo.
Lá longe - na Casa do Conto - há prece:
'Que morra cêdo, e bem!'
Malhas que o Império tece!
Ainda vive e parece
O menino de sua mãe.
Mário Cesariny de Vasconcelos
Etiquetas: virgem negra
1 Comments:
Fernando Pessoa.
No dia da morte de Mário Cesariny, a escolha foi perfeita. Como seria sempre que morre um poeta ou qualquer outro menino.
Um resto de dia bom.
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